Há 28 dias uma greve de docentes paralisa as Universidades Federais, já são 53 instituições em greve. Os docentes, cuja greve agora é engrossada pelos funcionários administrativos e, em várias unidades, por estudantes, cobram do governo o cumprimento de um acordo feito em 2011. O governo, não responde às reivindicações e ainda pede “trégua”. O pedido de trégua mostra a força do movimento e o impasse em que está metido o governo em função da aceleração da crise mundial – mesmo porque outros setores do funcionalismo entram em greve, por serem enrolados sob o argumento de “restrições orçamentárias em função da crise”.
Pois bem, com que política o governo diz pretender enfrentar a crise, e qual tem sido suas consequências?
Em abril, segundo dados do IBGE, na indústria de transformação houve uma queda de 0,6%, a maior desde 2009 e a massa salarial caiu 3,9%. Menos emprego menos salário, isso é saída para a crise? Não para os trabalhadores.
Nas montadoras, amplamente beneficiadas com isenção de impostos, as medidas de governo “para enfrentar a crise”, não aliviam a situação dos trabalhadores. Ao contrário. A MWM, no Rio Grande do Sul e São Paulo reduziu a jornada de trabalho e os salários. A Mercedes Benz de São Bernardo do Campo anuncia semana de quatro dias para reduzir a produção, a Volvo utiliza o banco de horas e a GM abriu um Programa de Demissão Voluntária para demitir 1500 trabalhadores.
No setor calçadista e de vestuário, os primeiros beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos em 2011 (redução do custo do trabalho para aumentar a “competitividade”), nos primeiros quatro meses de 2012 houver uma queda de 6,5% e 7% no nível de emprego!
O diretor de assuntos institucionais da GM, beneficiada pela redução do IPI em abril, respondendo à pergunta se a essa medida não correspondia a contrapartida de manter os empregos, respondeu: “É um acordo de cavalheiros”!
Pois bem! Segundo dados do Tribunal de Contas da União, em 2011, o primeiro ano do governo Dilma, esse cavalheiros foram beneficiados com R$ 187 bilhões que deixaram de entrar nos cofres públicos. Valor maior do que os R$ 163 bilhões gastos, no mesmo ano, com educação, saúde e assistência!
Ora, para os servidores e professores há restrições orçamentárias. Mas para pagar os banqueiros, só o governo federal prevê um superávit primário de R$ 97 bilhões, dos quais já foram garantidos nos primeiros quatro meses do ano, 44,5 bilhões!
Desviar 187 bilhões em 2011 (em isenções fiscais) e 97 bilhões em 2012 (superávit primário) para salvar empresas, inclusive as multinacionais, e banqueiros, isso é uma política para enfrentar a crise? Não para os trabalhadores.
As isenções aos patrões não garantem empregos, afinal manter os empregos “é acordo entre cavalheiros”. O dinheiro retirado dos cofres públicos penaliza não apenas servidores e docentes, mas toda a população trabalhadora que depende dos serviços públicos, na cidade e no campo.
“Restrição orçamentária” para a maioria oprimida é a política para salvar o capitalismo em crise.
Passa da hora de aplicar outra política! Esse é o recado a Dilma da greve em curso das Universidades Federais, da greve dos servidores anunciada para o dia 18, e dos Congressos Estaduais da CUT que enviam ao Congresso Nacional em julho (CONCUT) a proposta de uma marcha a Brasília com uma plataforma dos trabalhadores
colaborador - Roberto Luque
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