Contra o aborto, ex-petista declara apoio a Serra.

Luiz Carlos Bassuma (PV-BA) afirma que José Serra (PSDB) tem política contra o aborto, enquanto Dilma (PT) é "casuísmo"

15.10.2010|

 Fonte - André Teixeira
andretb@opovo.com.br

O deputado e ex-candidato derrotado ao Governo da Bahia pelo PV, Luiz Carlos Bassuma, esteve ontem em Fortaleza, onde divulgou suas ideias contra o aborto e declarou voto ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
 Bassuma era filiado ao PT, mas deixou a sigla em agosto do ano passado quando foi punido por ser contra a descriminalização do aborto. “Os deputados que aceitaram ser censurados continuaram; como eu me insurgi, me deram suspensão”, diz
Bassuma defende que o único caso de aborto que deve ser legalizado é quando a gravidez põe a mãe em risco de morte. Mesmo o aborto em caso de estupro – garantido por lei e que Serra chegou a defender, ao normatizar o atendimento médico para casos desse tipo quando ministro da Saúde – “fere o direito à vida”, segundo Bassuma.
Embora discorde de Serra na “causa de sua vida”, Bassuma acredita que seu apoio ao candidato tucano não é contraditório, pois “Serra hoje tem opinião diferente da que tinha quando era ministro”. “Ele mostra uma evolução da percepção do assunto”, disse. Quanto a Dilma Rousseff (PT), ela revela “casuísmo eleitoral quando muda de opinião (sobre o aborto) entre primeiro e segundo turno”, diz o deputado.
O próprio PV defende a descriminalização do aborto desde 2005, segundo o assessor da ex-candidata a presidente pelo partido Marina Silva, Ivo Batista. Ivo explica que Marina, “como cidadã”, é contra a legalização. E que por isso, quando se filiou ao PV, exigiu uma “cláusula de consciência” que permitiria a filiados manifestar opinião contrária à da sigla sobre temas que dizem respeito “à concepção da vida”.
Bassuma diz que se coligou ao PV nas mesmas condições de Marina, tendo sua opinião contrária ao aborto assegurada.
Apoio ao PSDB
Bassuma diz também que seu apoio a Serra é independente do apoio oficial do PV, que será decidido no próximo domingo, 17. “Se o partido me obrigar a isso (apoiar Dilma), eu descumpro e estou pronto para ser expulso de novo”, afirma.
 Ivo Batista diz que não há punição prevista para os coligados que apoiarem um candidato que não for o escolhido pelo partido. “O partido vai oficializar o apoio dando direito à minoria de se manifestar”, garante Ivo. O assessor diz que não votaria em Serra, mesmo se o candidato fosse a escolha do PV, mas ressalta que “não acredita que o PV vai apoiar Serra”. A própria Marina ainda não anunciou sua posição.
Temperatura do Horário Eleitoral
A candidata Dilma Rousseff (PT) destacou em seu programa as privatizações realizadas no Governo FHC. Segundo ela, um dos assessores de José Serra (PSDB) seria a favor da privatização do pré-sal.
 Lula aproveitou a ocasião para enfatizar que “valeu a pena estar vivo para ver as transformações pelas quais o Brasil está passando”.
Já José Serra ressaltou o envolvimento dos petistas em escândalos de corrupção e nas obras públicas que devem ser alavancadas por conta da realização da Copa de 2014.
Companheiro de partido de Serra, o cearense Tasso Jereissati afirmou que ficará “mais feliz se Serra ganhar para presidente, do que se tivesse ganhado para o Senado".