Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado hoje
(2), especialistas e organizações da sociedade civil alertam os
brasileiros para a necessidade do diagnóstico precoce.
O autismo é uma síndrome que afeta de maneira acentuada a capacidade do
indivíduo de falar, comunicar-se e interagir com outras pessoas e com o
ambiente. Estima-se que 2 milhões de brasileiros sejam autistas. Em
todo o mundo, são cerca de 70 milhões de pessoas, de acordo com as
Nações Unidas. O transtorno é mais comum em homens do que em mulheres.
Desinteresse pela convivência outras pessoas, pouco contato visual,
fixação por objetos, não reagir quando é chamado por alguém ou recusar
contato físico são alguns dos sinais do autismo, que aparecem, em sua
maioria, antes dos 3 anos de idade.
“Aos 2 anos de idade, se a criança não consegue falar, não se interessa
em brincar com outras crianças ou não pede colo é um sinal de alerta”,
explica Marcos Mercadante, psiquiatra da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) e um dos fundadores da organização não governamental
Autismo e Realidade.
Até o momento, não há cura para o autismo, mas o tratamento, quando
iniciado logo após o diagnóstico, aumenta as chances de a criança ter
mais independência na vida adulta. No entanto, o psiquiatra lamenta que
pais e até mesmo profissionais de saúde estejam despreparados para
reconhecer os sintomas. “No Brasil, o diagnóstico ainda está sendo feito
com 5 ou 6 anos [de idade]”, afirmou.
O tratamento não é o mesmo para todos os autistas, que podem apresentar
grau leve ou severo (quando compromete mais o indivíduo), mas se baseia
em terapias comportamentais e médicas com o objetivo de estimular o
indivíduo a se socializar e ter qualidade de vida.
Mãe de um autista, a engenheira Ana Maria Mello uniu-se a outros pais
para fundar a Associação de Amigos do Autista (Ama), em 1983, uma das
principais organizações civis do país, com sede em São Paulo, que
auxilia pais e pessoas com o transtorno de desenvolvimento. Ana Maria
incentiva os pais a buscar informação para que saibam entender os
filhos. “A gente chora bastante, mas, depois, bola para a frente, sem
sentimento de culpa ou pena”, disse.
A educação tem também um papel fundamental para que o autista possa ter
melhor convivência no ambiente onde vive. Especialistas defendem que a
escola deve ter uma abordagem específica para lidar com essas crianças e
reclamam da falta de instituições adequadas.
No Distrito Federal, o Centro de Ensino Especial 2, da rede pública, é
adaptado para receber alunos autistas com grau leve ou severo. No
centro, os professores usam brinquedos, figuras e alternativas de
comunicação para estabelecer uma rotina de atividades comuns à vida de
qualquer pessoa, como comer ou ir ao banheiro. “Elas aprendem a se
vestir, calçar os sapatos, conviver com outras crianças lá fora. É uma
forma de ajudar a socializar a criança”, explica a supervisora
pedagógica Marli de Jesus Silva.
Atualmente, o centro tem cerca de 30 alunos autistas, de 5 a 15 anos.
Um deles é a pequena Maria Alice, de seis anos de idade. Há poucos meses
na escola, a menina já faz trabalhos com colagem e tem menos crises de
choro e agitação, características do autismo. “No período em que ficava
só em casa, ela era muito agitada e ficava girando em círculos. Agora,
ela dorme e se alimenta melhor, além de gostar da escola”, conta Luciana
da Silva, mãe de Maria Alice e mais três filhos. “Os pais não precisam
isolar os filhos. Ela não olha para mim, mas eu olho para ela”, relata
Luciana.
Edição: Lana Cristina
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