Colaborador Roberto Luque
A proposta do governo
de dar reajuste de 15,8%, divididos entre 2013 e 2015, não seduziu os
servidores públicos civis do Executivo. Ontem, ao longo do dia, o
secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio
Mendonça, detalhou a oferta da presidente Dilma Rousseff a várias
carreiras, mas não convenceu. A maioria dos representantes do
funcionalismo considerou insuficiente apenas a correção da inflação
prevista para o próximo ano, já que pleiteavam, no mínimo, 22%. De
qualquer forma, os sindicatos levarão a proposta para votação em
assembleias. Por enquanto, a greve que atormenta o governo e provoca
perdas ao país continua.
Mendonça faz segredo do total da fatura que o governo está disposto a
arcar para reajustar a folha com servidores civis. Mas, segundo o
Palácio do Planalto, foram reservados pelo menos R$ 18 bilhões, quantia
que pode chegar aos R$ 22 bilhões. A oferta de aumento de 15,8% só foi
possível depois de o governo fazer e refazer as contas do pacote de
incentivos à economia, que começou a ser divulgado na quarta-feira.
Dilma foi confrontada com várias alternativas, mas só bateu o martelo a
favor do funcionalismo depois da garantia de que teria espaço no
Orçamento de 2013 para beneficiar o setor privado. Antes do reajuste
linear aos servidores, o governo separou R$ 4,2 bilhões para corrigir o
salário dos professores e R$ 2,9 bilhões para os técnicos de
universidades.
Apesar da resistência demonstrada pelos servidores, Mendonça acredita em
acordo até o fim da semana que vem. Para ele, diante das atuais
circunstâncias, com o Brasil sendo castigado pela crise mundial, receber
reajuste médio de 5% ao ano é ótimo negócio. “Estamos confiantes”,
disse o secretário, depois de conversar com 10 categorias de 25 órgãos.
Os primeiros a terem acesso aos detalhes da proposta do governo foram os
peritos, delegados e agentes da Polícia Federal, alvos de enormes
queixas no Planalto, por causa do tumulto que provocaram nos aeroportos
do país anteontem.
GANHO REAL
- Passaram também pelo Planejamento, sem esconder a frustração,
técnicos administrativos de universidades e institutos federais, médicos
peritos da Previdência Social, funcionários do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), servidores da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) e trabalhadores das agências reguladoras e da Imprensa
Nacional, além da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público
Federal (Condsef), que agrega 18 setores do chamado carreirão.
Dilma está certa de que os 15,8% são o melhor que o governo pode
oferecer agora, sobretudo depois de analisar, com lupa, os números
apresentados pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, com os
aumentos concedidos ao funcionalismo durante o governo Lula. Todas as
carreiras de Estado foram agraciadas com ganhos reais exuberantes.
Técnicos do Banco Central, por exemplo, tiveram aumento de 90% acima da
inflação entre 2003 e 2011. Os auditores da Receita Federal, de 50,4%.
Por isso, segundo assessores do Planalto, o governo não está mais
disposto a avançar. “É pegar ou largar”, disse um técnico da equipe
econômica.
Servidores técnico-administrativos aceitam proposta de reestruturação
Em
reunião na noite desta sexta-feira (17/8), representantes do comando de
greve Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades
Públicas Brasileiras (Fasubra) decidiram aceitar nova proposta de
reestruturação de carreira apresentada pelo governo. A categoria cruzou
os braços em 11 de junho.
O percentual de reajuste salarial continua o mesmo, 15%, a diferença são
os aumentos concedidos para aqueles que possuem qualificação. “A
proposta ainda ficou aquém do que nós estávamos reivindicando, mas foi o
possível no momento. Esperamos que o governo aprenda com essa
movimentação e passe a negociar de maneira mais transparente e aberta”,
defende o coordenador geral de organização sindical da Fasubra, Ronaldo
Ribeiro.
O reajuste será
concedido em três parcelas de 5%, nos anos de 2013, 2014 e 2015. Além
disso, foi concedido aumento aos servidores de acordo com a
qualificação, para nível médio, superior e especialização. O governo
também ofereceu degrau de 3,7% entre os níveis da carreira em 2014 e de
3,8% em 2015. Hoje, o a diferença entre os níveis é de 3,6%.
No início da próxima semana os servidores devem se reunir para decidir
como será a retomada das atividades. “Essa data deve ser definida após a
assinatura do acordo com o governo, que está prevista para quarta-feira
(22/8)”, explica Ronaldo.
Entenda o caso
A primeira proposta do governo aos servidores das instituições federais
ocorreu em 6 de agosto, depois que as negociações com os professores
foram dadas como encerradas.
Com a nova oferta, o governo deve destinar R$ 2,9 bilhões nos próximos
três anos ao reajuste. Para 2013, o custo será R$ 670 milhões.
Correio Brasiliense: 18/08/2012
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