Blog Moisés Arruda - Sobral/CE/Facebook-moiseslinharesarruda : Revitalização do Dnocs pode sair por meio de Medida Provisória

10 de jul. de 2013

Revitalização do Dnocs pode sair por meio de Medida Provisória

Imagem de João Batista de Oliveira Batista

Pela proposta, Departamento mantém a sigla mas amplia funções para atender em nível nacional

Crateús/Fortaleza. Abancada nordestina na Câmara dos Deputados apresenta hoje, em Brasília, o projeto de reestruturação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. A informação é do membro do Grupo de Trabalho (GT) que trabalha no projeto de reformulação e presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Servidores do Dnocs, Joacir Moreira.

Castanhão é o maior açude do Ceará e um marco nas obras hídricas do Dnocs 

"A minuta do projeto está concluída no Ministério da Integração Nacional e, agora, os deputados Eudes Xavier e Ariosto Holanda, que estão à frente do projeto de reestruturação, se juntarão à presidência da Câmara para apresentar o documento ao Ministério do Planejamento", informou Joacir Moreira.

Pela proposta, a atuação do órgão passa a ser em nível nacional, com sede permanecendo em Fortaleza e unidades em todos os Estados do Nordeste. De imediato, ainda seria criada uma superintendência no Rio Grande do Sul, em seguida no Maranhão e nos demais Estados obedeceria à necessidade do Governo Federal.
O órgão seria expandido com a instalação de cinco diretorias, sendo duas novas, com uma na área de gestão estratégica e a outra enfocando a questão ambiental e de recursos hídricos.
"Para ter mais autonomia e aplicabilidade dos recursos financeiros, a minuta traz a transformação das coordenadorias em superintendências nos Estados do Nordeste, além de criar uma no Estado do Maranhão, que atualmente é atendido pela coordenadoria do Piauí", explica Moreira.
O raio de ação do órgão seria ampliado no que concerne a abarcar as atribuições do extinto Departamento de Obras e Saneamento (DNOS) nos Estados do Maranhão, parte do Piauí, bem como no Rio Grande do Sul. Neste último, o Dnocs teria a atribuição de desenvolver atividades nos 39 reservatórios.
Servidores
A nova proposta contempla a realização de concurso público, de modo a aumentar o quadro, já bastante defasado, de servidores do órgão: abertura de 400 a 634 novas vagas. Até 2018, mais 2.300 servidores, também via concurso público, atualmente o Dnocs conta com 1.719 servidores. "O objetivo é oxigenar o órgão com concurso público nesses dois momentos, tendo em vista a expansão das ações e o fato de que em 2016 em torno de 80% dos atuais servidores estarão passíveis de aposentadoria", destaca Joacir Moreira.
Ainda pela proposta, ações relacionadas à seca contemplariam somente os Estados do Nordeste. As demais regiões do país teriam a assistência de infraestrutura hídrica.
"Podemos levar o nosso conhecimento para outras regiões desde que necessário, em ações pertinentes a barragens, contenção de cheias, abastecimento, entre outras, mas ações voltadas para a seca terão ênfase na região Nordeste", ressalta.
Estudo
As alterações no Dnocs vêm sendo articuladas pelo Ministério da Integração, com o propósito de reformular o órgão. Definir suas principais funções, que são a de conviver com o semiárido brasileiro e fomentar o desenvolvimento na zona rural, por meio da agricultura irrigada e da piscicultura, bem como o estudo sobre o quadro funcional fazem parte das discussões. O levantamento das demandas do órgão, com a proposta final estará pronto até agosto, quando começa a ser discutido o orçamento para 2014.
Há alguns meses, deputados federais cearenses têm levantado a bandeira de renovação da entidade. Atualmente, o Dnocs é uma autarquia vinculada ao Ministério da Integração e sua área de atuação, conforme a lei 10.204, corresponde à região abrangida pelos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e a zona do estado de Minas Gerais, situada no denominado "Polígono das Secas" e às áreas das bacias.
Medida provisória
O deputado federal Ariosto Holanda lidera, ao lado do deputado Eudes Xavier, as discussões no congresso pela revitalização do Dnocs. "Enxergamos que o caminho mais eficaz seria de conseguir a edição de uma medida provisória para essa nova organização da nova estrutura básica do Departamento", frisou.
Por meio da MP, o Dnocs manteria a sigla, mas passaria a se chamar Departamento Nacional de Infraestrutura Hídrica e Convivência com a Seca. O Ministério do Planejamento irá verificar o reflexo que essa nova estrutura terá no orçamento. De lá, se encaminha para a Casa Civil, a partir da qual a medida é destinado ao Congresso.
"Estamos vendo com bons olhos, estão todos sinalizando positivo, inclusive a presidência da Câmara dos Deputados. O Grupo de Trabalho se reuniu por semanas e chegamos a esse finalmente, que, por uma questão de justiça, foi puxado pelo deputado Eudes Xavier", afirma Ariosto Holanda.
Com décadas de atuação como professor universitário e autor de várias publicações nas áreas de ciências e tecnologia, Ariosto pontua que, uma vez reestruturado, a consolidação das atividades do "novo Dnocs" se dará por meio da capacitação dos trabalhadores. "Se não trabalharmos o homem, por meio da educação, os projetos não firmam sua produtividade, mas os centros tecnológicos e de ensino superior estão aí para isso".
Prioridades
A reestruturação é a principal (senão única) medida de combate ao esvaziamento do Dnocs. A instituição mudou nas dez décadas, mas foi principalmente numa epifania de meia idade, se assim se pensar o século, que as reapropriações políticas porque tem passado e a pressão social porque tem sofrido deram ênfase ao conceito de democratização do acesso à água.

Para o engenheiro civil e ex-diretor do Dnocs, Cássio Borges, ao Dnocs não basta ter o recurso hídrico, tem que saber como distribuí-lo. Como e para quem.

Ou seja, não é apenas a unidade física e as máquinas usadas nos projetos que precisarão reformulação, mas a própria hierarquia de valores do órgão. A revitalização poderá trazer, com ela, os resquícios da conhecida "indústria da seca", que deixou sua marca na história.
Colaboração: João Batista de Oliveira
Fonte: Diário do Nordeste

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