Central protestará contra o projeto do lado de fora do Congresso
enquanto, dentro da Câmara em audiência pública, dirigentes mostrarão o quanto
a proposta prejudica a classe trabalhadora
A CUT tem mais uma etapa decisiva na luta contra o PL 4330 na quarta-feira
(18), data em que será realizada a audiência pública sobre o projeto de lei que
amplia a já nociva terceirização da mão de obra no Brasil. Na Comissão Geral,
nome oficial da audiência, representantes dos trabalhadores, empresas e
instituições do Direito, como o Ministério Público, vão expor e aos
parlamentares e defender suas opiniões sobre o projeto. Será ás 10h, no
Plenário da Câmara dos Depudos, em Brasília.
“O acesso ao local da audiência será restri
to, por isso é muito importante que a CUT faça, neste dia, mais uma
grande e forte manifestação do lado de fora do Congresso Nacional em apoio aos representantes dos
trabalhadores que estarão dentro do plenário”, afirmou Sérgio Nobre, secretário-geral nacional da CUT. “A
batalha para barrar o projeto de lei 4330 é longa, mas até agora tem sido vitoriosa graças à
participação e o envolvimento de toda a militância da Central Única dos Trabalhadores”,
disse o secretário-geral.
A manifestação terá cutistas de todo o País, além do apoio e
participação de instituições nacionais e internacionais, como a OIT
(Organização Internacional do Trabalho), segundo Sérgio Nobre. Em ato no último
dia 3 contra o 4330, dirigentes e militantes da CUT sofreram forte repressão e
até agressão por parte de policiais militares e da polícia legislativa. Os
manifestantes foram barrados para não chegar ao plenário da Comissão de
Constituição e Justiça e Cidadania, onde seria votado o projeto de autoria do
deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO). O protesto foi vitorioso, pois a votação
do texto foi cancelada.
Caso seja aprovado como está, o PL 4330 ampliará ainda mais as condições
precárias de trabalho e colocará em risco todos os contratados com carteira
assinada
– mais de 45 milhões no País -, porque libera a terceirização completa e
sem limites pelas empresas, em qualquer setor. A estimativa é que 12 milhões de
trabalhadores/as exercem hoje atividades terceirizadas no Brasil. O projeto,
como está, dá respaldo para que empresários substituam os trabalhadores
contratados por terceirizados.
QUEM É CONTRA
– De ministros do Tribunal Superior do Trabalho a toda a bancada do PT na
Câmara (88 deputados), boa parte da sociedade organizada já repudia o PL 4330.
Após reunião com a CUT na terça-feira (10), em Brasília, os petistas, por
unanimidade, decidiram votar contra o projeto. Durante o encontro com a bancada
do PT, Sérgio Nobre e a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Maria das
Graças Costa, apresentaram dossiê e dados do Dieese que comprovam a
precarização que a proposta promoverá, caso seja aprovada.
Dias depois de a bancada do PT na Câmara dizer não ao PL 4330, os
deputados do PSB também anunciaram, oficialmente, ser contrários ao projeto e a
favor do arquivamento do texto de Sandro Mabel,
A Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), que está
na audiência do dia 18, e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também
manifestaram publicamente serem contra o PL 4330. Dos 27 ministros do Tribunal
Superior do Trabalho (TST), 19 repudiaram publicamente o projeto da terceirização.
AÇÃO DA CUT CONTRA O PROJETO -
O PL 4330, que é de 2004, foi desengavetado e está pronto para ser
votado desde maio, inclusive com “sim” do relator Arthur Maia (PMDB-BA). A CUT luta em
todas as esferas para derrubar a proposta, seja por meio do espaço de
negociação que conquistou e que envolve governo, parlamentares e empresários,
seja nas ruas, mobilizando a militância e informando a sociedade sobre
nocividade do texto de Mabel.
Desde junho deste ano, a CUT participa de mesa de negociação com
parlamentares, empresários e governo, além de demais centrais. Essa mesa foi
constituída por força da pressão dos trabalhadores. Vários atos e mobilizações
organizados pela Central foram realizados, nesse período, em Brasília e em todo
o Brasil. No seu site nacional e das suas 27 estaduais, a CUT tem campanha
permanente que expõe a posição de todos os parlamentares sobre o projeto.
Mobilização e negociação juntas vêm conseguindo evitar a votação do
projeto e multiplicar a posição da CUT contra o PL 4330, além de informar sobre
o estrago que a aprovação do projeto causaria à classe trabalhadora. Segundo
estudo da CUT e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) realizado em 2011, o trabalhador terceirizado fica 2,6
anos a menos no emprego, tem uma jornada de trabalho três horas semanal três
horas maior e ganha 27% menos que os contratados para a mesma função. Também se
acidenta mais e com mais frequência: a cada 10 acidentes de trabalho, oito
vitimam terceirizados.
PROJETO ARRASA QUARTEIRÃO -
Autoriza contratação de empresas especializadas para a terceirização de
qualquer atividade ou etapa do processo produtivo da empresa contratante, seja
ela pública ou privada, rural ou urbana. Isso significa que libera a
terceirização completa nas empresas, possibilitando a substituição dos atuais
45 milhões de trabalhadores contratados diretamente por prestadores de serviços
e aumentando a rotatividade e o trabalho eventual e precário. - O texto afirma
que os salários, benefícios e demais direitos, mesmo que o trabalho seja
prestado de maneira idêntica e no mesmo ambiente de trabalho da empresa
contratante, serão diferenciados, de acordo com a natureza da atividade
desempenhada. Isso vai pulverizar as organizações e representações dos
trabalhadores, acarretando rebaixamento das condições de vida da classe
trabalhadora. - Estabelece como subsidiária a responsabilidade entre os
tomadores e prestadores de serviços, e não a responsabilidade solidária, como a
mais eficaz para minimizar possíveis prejuízos e retirada de direitos,
costumeira nesse tipo de contrato de trabalho. - Autoriza sem
limites subcontratações de empresas o que já é chamado de “quarteirizando” e
“quinteirizando" da relação contratual, mesmo com o conceito de empresa
especializada.
http://www.cut.org.br/destaques/23730/quarta-feira-cut-tem-mais-uma-batalha-decisiva-contra-o-pl-4330-da-terceirizacao
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