Somos um povo muito carente de ídolos. O dramaturgo Bertold Brecht, não por acaso torcedor da Alemanha, já alertava: miserável o país que não tem heróis; mais miserável é o país que precisa de heróis. Atingimos uma terceira categoria de miserabilidade: somos um país que precisa de um falso herói. Neymar, de menino mimado e cai-cai, de repente, tornou-se o salvador da pátria, o iluminado que nos conduziria ao pódio. Haja paciência.
Por mais que possamos lamentar o que aconteceu com nosso único craque, nada, absolutamente nada justifica o estado de comoção que tomou conta do País. Beira a histeria coletiva, o delírio puro e simples. A programação da Globo, por exemplo, está há dias nos massacrando com homenagens, lágrimas e romarias. E toda essa baboseira por conta de um acidente de trabalho comum (como a própria Fifa atestou) e que não vai tirá-lo dos campos por mais de um mês ou seis semanas.
Essa canonização oportunista não faz bem para ninguém, nem mesmo ao próprio Neymar. Mas é uma benção para Felipão. A contusão do garoto era tudo de que precisava. Ô cara de sorte, nosso técnico que adora mandar bater no adversário!
De bandeja, o colombiano Zúñiga deu a desculpa de que a seleção precisava para justificar um eventual (ou iminente?) fracasso nesta Copa. Se porventura o time sair vitorioso, quem será o grande comandante, o estrategista, o motivador, aquele que soube tirar garra e determinação de uma “tragédia”, por mais artificial e chinfrim que seja? Pois é.
A Família Scolari, ganha ou perca, vai se dar bem. Já o Brasil, vai ter que se virar com um herói de ocasião. Muito miserável isso tudo.
fonte - blog O prvocador
Nenhum comentário:
Postar um comentário