Integrantes de comissão externa da Câmara não se convenceram sobre as informações dadas pelo representante da petrolífera estatal e vão cobrar explicações sobre os mais de R$ 2 bilhões gastos com refinarias canceladas.
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Wilson Guilherme, da Petrobras (E): não basta ter um projeto tecnicamente viável. Tem que ter também um projeto de capital.
A decisão da Petrobras de cancelar a construção de duas refinarias (Premium I e Premium II) nos estados do Maranhão e Ceará foi motivada por fatores econômicos. O principal deles foi a desistência de um parceiro, a petroquímica chinesa Sinopec, que em dezembro passado comunicou à estatal que não tinha mais interesse econômico no projeto maranhense, o de estágio mais avançado. No mês seguinte (janeiro), a Petrobras anunciou publicamente que estava abandonando as plantas de refino.
A afirmação foi feita nesta quarta-feira (18) pelo gerente-executivo de Programas de Investimento da área de Abastecimento da Petrobras, Wilson Guilherme Ramalho da Silva, que participou de uma audiência pública na comissão externa da Câmara dos Deputados que investiga o cancelamento da construção das refinarias. As informações não convenceram os integrantes do colegiado.
“A decisão foi eminentemente econômica. Não basta ter um projeto tecnicamente viável. Tem que ter também um projeto de capital”, afirmou Silva. “No momento, os dois projetos estão fora da carteira de investimentos [da Petrobras]”. Segundo ele, a existência de um parceiro para compartilhar os riscos era uma necessidade “mandatória” do plano de negócios da empresa.
A projeção da estatal é que a refinaria do Maranhão iniciasse sua operação em 2018,e a cearense, em 2019. Silva explicou aos parlamentares que no momento a Petrobras está trabalhando para encerrar os contratos e convênios feitos nos dois estados para a construção das plantas industriais.
Aumento da oferta
Silva afirmou que a suspensão dos dois projetos teve como pano de fundo o aumento da oferta mundial de derivados de petróleo, com a entrada em operação de duas refinarias sauditas. Isso fez cair as projeções futuras de lucro dos projetos nordestinos, afastando o interesse do parceiro chinês e a própria atratividade das duas novas unidades. “Houve um aperto nas margens de refino”, afirmou Silva.
Ele reconheceu ainda que a situação delicada da Petrobras, após as denúncias da Operação Lava Jato e a perda do chamado grau de investimento, colocaram “pressão nas decisões” sobre investimentos futuros.
Questionado pelo deputado Moses Rodrigues (PPS-CE), o gerente afirmou que o cancelamento dos empreendimentos não vai afetar o abastecimento do mercado de derivados de petróleo. O Brasil hoje importa 15% de tudo o que consome de derivados, e exporta petróleo bruto. Segundo ele, a companhia, que controla 12 das 15 refinarias em atividade do País, tem alternativas, como a importação dos derivados e o aumento do refino nas outras unidades.
O Brasil refinou, em 2014, 2,2 milhões de barris de petróleo por dia, quantidade insuficiente para atender o mercado interno. No ano passado, o País gastou 19,5 bilhões de dólares com importação de refinados, como gasolina e querosene de aviação. Na semana passada, em audiência na comissão, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, disse que a falta de novas refinarias vai ampliar, nos próximos anos, a dependência da importação de derivados.
Novo debate
Na próxima semana a comissão externa vai realizar uma nova audiência pública. Serão convidados o diretor a da área de abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino Ramos; o diretor-geral da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), Fábio Lopes de Azevedo; e dois representantes do movimento sindical petroleiro (Francisco Carlos Oriá Fernandes e Ascendino Dias Filho). 'Agência Câmara Notícias
Reportagem – Janary Júnior
Edição – Newton Araújo
Edição – Newton Araújo
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