Blog Moisés Arruda - Sobral/CE/Facebook-moiseslinharesarruda : Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção política. Quem é Quem! ( Mais hoje esta realidade no Brasil ficou para traz)

29 de out. de 2015

Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção política. Quem é Quem! ( Mais hoje esta realidade no Brasil ficou para traz)

Do blog, As ideologias politicas ou partidárias se acabaram com as criações de partidos para ser um balcão de negócios. Esta é a realidade Brasileira.
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Na revolução francesa, a direita referia-se ao grupo parlamentar que se sentava ao lado direito do presidente da respectiva assembléia. Era, tradicionalmente, constituído por elementos pertencentes aos partidos conservadores. Contrapunha a ele a parte da assembléia que ficava à esquerda do presidente. Em Ciências Políticas, o conjunto de indivíduos ou grupos políticos partidários de alguma reforma social ou revolução socialista compõe a esquerda.
Entende-se como ação política a que tem por finalidade a formação de decisões coletivas que, uma vez tomadas, passam a vincular toda a coletividade. Política, portanto, é ação coletiva.
“Esquerda” e “direita” indicam programas contrapostos com relação a diversos problemas cuja solução pertence, habitualmente, à ação política. Possuem contrastes não só de idéias, mas também de interesses econômicos e de prioridades a respeito da direção a ser seguida pela sociedade. Esses contrastes existem em toda sociedade. Aliás, não há nada mais ideológico do que a afirmação de que as ideologias estão em crise ou de que a distinção entre direita e esquerda desapareceu.
Politicamente, os jogos de interesses são muitos. Os diversos blocos, partidos e tendências têm entre si convergências e divergências. São possíveis as mais variadas combinações de umas com as outras. O maniqueísmo – doutrina que se funda em princípios opostos, bem e mal, segundo a qual o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo – não é a forma adequada de se encarar essa distinção política: quem não é de direita é de esquerda ou vice-versa.
Entre a escuridão e a luz, existe a penumbra. Entre o preto e o branco, não existe apenas o cinza, mas sim um arco-íris de colorações políticas
As posições “progressista” e “reacionária” não constituem monopólios permanentes. A reação, defensora de algum sistema político extremamente conservador, contrário às idéias que envolvem importantes transformações político-sociais, muda de defensores. Com o tempo, o que antes era popular, avançado e democrático pode se tornar populista, corporativista,retrógrado ou totalitário.
Mas “direita” e “esquerda”, argumenta Norberto Bobbio, em seu livro “Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção política” (São Paulo, Editora da UNESP, 1995, 129 páginas) continuam a servir como pontos de referência indispensáveis. Esse filósofo italiano contemporâneo levanta quais são os critérios para se dizer que alguém é de direita ou de esquerda.
Parte da constatação de que os homens, por um lado, são todos iguais entre si; de outro, cada indivíduo é diferente dos demais. Os que consideram mais importante, para a boa convivência humana, aquilo comum que os une, em uma coletividade, estão na margem esquerda e podem ser corretamente chamados de igualitários. Os que acham relevante, para a melhor convivência, a diversidade e/ou a competitividade, estão na margem direita e podem ser chamados demeritocratas.
São de esquerda as pessoas que se interessam pela eliminação das desigualdades sociais. A direita insiste na convicção de que as desigualdades são naturais e, enquanto tal, não são elimináveis.
Entre os economistas, não há porque descartar a distinção política entre direita e esquerda. Uma moeda possui duas faces, embora “cara” e “coroa” se alternem… Hora uma está por cima, hora outra. Mas há também dubiedade entre os economistas, aquela esquizofrenia em que o “coração” (emoção) está à esquerda e a “cabeça” (razão), à direita.
Quais são as explicações convencionais para determinado economista ser classificado como da “direita”? Algumas são mais empiristas do que científicas, entre as quais ganha destaque a idéia de que se trata de mera adaptação ao ambiente competitivo profissional: para subir na carreira profissional, no setor privado, imagina-se que é mais conveniente ser defensor da “liberdade das forças de O Mercado”.
Outra explicação seria a adoção de conservadorismo de posição conquistada com a mobilidade social. Este alpinismo social dependeria de ambição ou da crença que é superior aos outros, em sociedade de desiguais, plena de conflitos de interesses. Porém, geralmente, esse excesso de otimismo é devido ao viés de autovalidação: pergunta apenas à gente que pensa igual se, de fato, ele é superior aos colegas que pensam diferente dele. Torna-se por auto-atribuição, simplesmente, um esnobe.
Nesse posicionamento ideológico direitista, é comum se adotar o chamado “discurso da competência“, ou seja, sugerir que “não é qualquer um que pode dizer qualquer coisa a qualquer outro em qualquer ocasião e em qualquer lugar”. Só os “competentes” ou “eficazes”, nas entrelinhas, aquele que está falando e, no máximo, seus pares ou discípulos, podem se pronunciar. Os demais são “incompetentes”…
direita confia que as desigualdades sociais possam ser diminuídas à medida que se favoreça a competitividade geral; minimiza a proteção social e maximiza o esforço individual. A esquerda prioriza a proteção contra a competição social. Na escolha entre a competitividade e a solidariedade, enfatiza esta última. O que define a posição de direita é a ideia de que a vida em sociedade reproduz a vida natural, com sua violência, hierarquia e eficiência. Se os homens são seres biológicos desiguais, devem submeter-se à lei do darwinismo social. Segundo essa concepção, a sociedade mercantil faz também a seleção, neste caso “social”, entre os indivíduos que podem se desenvolver — “os vencedores” — e os que podem apenas sobreviver — “os perdedores”.
regra de ouro da direita econômica é: quem melhor se adapta ao meio ambiente econômico enriquece, inclusive dando continuidade a sua dinastia. O homem de direita, acima de tudo, preocupa-se com a defesa da tradição, herança e costumes conservadores.
Já a atitude de esquerda pressupõe que a condição humana é fundada pela negação da herança natural. A sociedade se desenvolve, opondo-se às forças cegas da natureza. Nada mais parecido com o livre-mercado do que a livre-natureza. Quem acredita na essência humana como essencialmente egoísta e imutável é de direita, mesmo sem saber.
Para ter consciência de si, assumindo claramente sua posição política na sociedade, a (re)leitura de Norberto Bobbio, em seu livro “Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção política”, é sempre oportuna.

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