O marqueteiro João Santana afirmou ao Ministério Público Federal que recebeu recados da então presidente Dilma Rousseff de que seria preso pela Operação Lava Jato. A afirmação consta das suas negociações para fechar um acordo de delação premiada.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Santana teria atribuído o recado a um aliado a pedido da então presidente. Já a revista Veja afirma que o marqueteiro disse a interlocutores não saber se o alerta foi redigido por Dilma ou um assessor dela. Ele teria confirmado, porém, que a fonte do alerta seria o Palácio do Planalto.
Santana e sua mulher, Mônica Moura, foram responsáveis pelas campanhas presidenciais de Lula, em 2006 e de Dilma, em 2010 e 2014. Eles são investigados por suposto recebimento de dinheiro da empreiteira Odebrecht na Suíça. O casal foi preso em fevereiro de 2016 na Operação Acarajé, 23.ª fase da Lava Jato. Na época, estavam na República Dominicana, trabalhando na campanha presidencial daquele país. Eles voltaram ao Brasil e se entregaram à Polícia Federal.
O casal ficou preso até agosto, quando pagou fiança de cerca de R$ 31 milhões e deixou carceragem da PF em Curitiba. Nesta época, seus advogados deram início a negociações com os promotores da Lava Jato para viabilizar uma delação premiada, na qual contariam o que sabem sobre o envolvimento de terceiros em atividades criminosas em troca de benefícios no cumprimento de eventual pena.
As negociações, porém, não prosperaram, já que a Lava Jato obteve informações sobre pagamentos irregulares a Santana no exterior por outras fontes. As menções ao suposto recado do Planalto teriam sido feitas para convencer os procuradores de que o casal tem informações ainda inéditas a revelar.
Procurada, a assessoria de imprensa da ex-presidente informou que ela não pretende comentar as reportagens. O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo considerou a notícia “absurda”. “É absolutamente inverossímil que a presidenta tenha dado qualquer aviso desses até porque nem ela e nem eu tínhamos essas informações privilegiadas sobre operações da Polícia Federal”, afirmou.
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