Blog Moisés Arruda - Sobral/CE/Facebook-moiseslinharesarruda : A "guerra santa" que chega às urnas.

23 de out. de 2010

A "guerra santa" que chega às urnas.

A crença em Deus e nos valores cristãos virou o principal mote da disputa presidencial neste segundo turno. O POVO mostra como religião e política estão próximas


Cultos e missas viraram palanque de Dilma e Serra neste 2º turno (ABR RAFAEL CAVALCANTE)  Fonte - Hébely Rebouças
hebely@opovo.com.br


No salão de um buffet em Fortaleza, pastores, bispos e frequentadores de igrejas tomavam café da manhã com autoridades públicas, na última quinta-feira. Os presentes eram chamados de “irmãos” uns pelos outros. No palco, em meio a conselhos políticos, o pastor e senador Magno Malta (PR-ES) – um dos convidados especiais do encontro – evocava Deus e condenava o diabo. Assim, o que seria uma atividade em prol da presidenciável Dilma Rousseff (PT) transformava-se, aos poucos, em culto evangélico.O encontro – promovido pela coordenação da campanha de Dilma no Ceará para tentar atrair votos à petista – reflete a força que entidades religiosas passaram a exercer na campanha eleitoral, principalmente neste segundo turno.
No Brasil “laico” do século XXI, a mistura entre Igreja e Estado ganha força extra em 2010 – ao ponto de temas relacionados à moral e à família, como o aborto e o casamento entre homossexuais, terem virado assunto principal em boa parte do debate político entre os adversários Dilma e José Serra (PSDB).
A origem
O foco na “fé em Deus” e na opinião dos candidatos a respeito do aborto surgiu com base em declarações feitas por Dilma em 2007 (ver quadro ao lado), espalhando-se por meio de panfletos apócrifos e nos bastidores de missas e cultos, além da Internet. Logo, o burburinho foi parar no Horário Eleitoral Gratuito. Enquanto Serra questionava os “princípios morais” da petista, a candidata esforçava-se para mostrar ao eleitor que é “a favor da vida”.Por isso, nos últimos dias, os dois vêm trocando palanques por altares, comícios por participações em cultos e missas. Toda uma agenda especial foi montada pelas campanhas para, à revelia das acusações, tentarem convencer o eleitor da suposta correção ética e da aproximação de cada um com Deus.
Nas próximas páginas, O POVO discute a “guerra santa” em que se transformou a disputa presidencial. Especialistas e autoridades políticas explicam os elementos que originaram a situação e o modo como a Igreja se inseriu na corrida rumo ao Palácio do Planalto.
 ENTENDA O CASO
 2007
> Em 2007, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a presidenciável Dilma Rousseff (PT) disse: “Olha, eu acho que tem de haver a descriminalização do aborto”.
 2009
> Em 2009, à revista Marie Claire, a petista afirmou: “Abortar não é fácil pra mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização. O aborto é uma questão de saúde pública”.
 Eleições 2010
> Há diferentes teses sobre como, por quem e em que momento específico as declarações de Dilma passaram a ser utilizadas na campanha. Aos poucos, ainda no primeiro turno, o tema passou a ser abordado pela imprensa e por setores da igreja – parte dele engajado na campanha de Marina Silva (PV). Líderes religiosos passaram a pregar abertamente contra o voto no PT. O desempenho de Marina nas urnas, acima do que previam as pesquisas de intenção de voto, e o de Dilma, abaixo, é em parte atribuído a essa discussão com fundo religioso.
 > Quem mais se aproveitou da situação foi o candidato José Serra (PSDB), que levou o tema para o Horário Eleitoral Gratuito.

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