Terra treme em Goiânia e Brasília.

Terremoto de 4,5 graus, com epicentro na cidade goiana de Mara Rosa, é o maior já registrado na região.

Da Folhapress de Brasilia,
com a redação
Um tremor de intensidade 4,5 graus na escala Richter registrado ontem perto da divisa entre Goiás e Tocantins foi sentido em vários pontos do Distrito Federal e provocou pânico em Brasília e em alguns bairros de Goiânia (Leia texto ao lado). Segundo o Observatório Sismológico da UnB (Universidade de Brasília), o tremor ocorreu na região de Mara Rosa (GO) às 17h17 e foi seguido de outro de menor intensidade. A medição do tremor ainda é preliminar, mas foi o maior abalo já registrado em Goiás. A percepção do tremor fez com que centenas de pessoas deixassem prédios na regiões centrais da capital federal e de Goiânia.
Alguns ministérios, autarquias e tribunais orientaram a evacuação dos edifícios. Até as portas de emergência do Palácio do Planalto chegaram a ser destravadas, e a equipe de segurança foi alertada sobre eventuais procedimentos de evacuação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava no prédio na hora do tremor.  Cerca de 200 pessoas, de todas as regiões do Distrito Federal, ligaram assustadas para a central dos bombeiros atrás de informações.  Relatos de rachaduras em prédios foram registradas no Plano Piloto (centro de Brasília) e em Taguatinga, cidade-satélite. Apesar do pânico, não foram registrados acidentes ou feridos no DF, segundo os bombeiros. 
Até o início da noite de ontem, a profundidade do abalo não havia sido determinada pelo observatório da UnB. O USGS (Serviço Geológico dos EUA) mediu o epicentro do tremor a cerca de 14 km abaixo do solo.  O prefeito de Mara Rosa, Nilson Preto, afirmou à Folhapress que não houve registro de feridos na cidade. Segundo ele, houve um clima passageiro de pânico, e alguns prédios tiveram suas estruturas abaladas e rachadas.
A cidade tem população estimada em pouco mais de 10 mil pessoas e é formada por prédios de até dois andares. A mesma região foi atingida por um sismo de intensidade 3,5 na terça-feira, muito menos intenso que o de ontem, afirmou o diretor do observatório da UnB, George França. De acordo com o professor, novos tremores não são descartados.

 Novo abalo ocorre em menos de uma semana
O tremor de 4,5 graus na escala Richter, que ocorreu ontem na cidade de Mara Rosa (GO), foi o segundo registrado em menos de uma semana. De acordo com o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, na última segunda-feira (4), outro tremor, dessa vez com magnitude de 3,6 graus na escala Richter, aconteceu próximo à divisa entre Goiás e o Tocantins. O tremor de ontem também foi sentido em Brasília, que fica a 483 quilômetros do município goiano.
De acordo com a professora do observatório, Mônica Von Huelsen, a magnitude desse tremor é classificada como baixa e média. “Como o brasileiro não está acostumado, se assusta com facilidade. Se balançar alguma coisa, sentir um tremor, todo mundo vai sair correndo desesperado.” Os Estados de Goiás e do Tocantins são cortados por uma faixa sísmica, também chamada de lineamento transbrasiliano. Segundo a professora, tremores nessa região são comuns, pois ficam sobre as falhas sismológicas que estão em movimento. “Existem falhas na região. Também é comum ter eventos sequenciais. Podem ter outros, mas a gente espera que os próximos sejam de menor magnitude.”
Mônica afirmou que o tremor de ontem não foi perigoso. “Em construções sólidas, ainda não causa nada, pode causar em construções rudimentares. Por enquanto, pode ficar tranquilo, não oferece perigo.” Segundo o professor do observatório, George Sand, no Distrito Federal (DF), já foram sentidos vários tremores, porém o de ontem foi o de maior intensidade. Em Brasília, houve um tremor no ano 2000, próximo à cidade-satélite de São Sebastião, com magnitude de 3 graus. “Se o terremoto de hoje (ontem) tivesse o epicentro no DF, teria provocado muitos danos.”
Sand explica que quem está em prédios altos sente os tremores com mais intensidade. “Os edifícios já possuem uma frequência de oscilação. As pessoas que estão nos prédios mais altos vão sentir o tremor. Porque o prédio entra em ressonância com o terremoto”, afirma.
Durante a tarde, a Defesa Civil do DF recebeu diversas ligações de pessoas preocupadas com o tremor. De acordo com o major Rogério Dutra, as principais ocorrências foram registradas por órgãos públicos. “Recebemos solicitações do Palácio do Buriti, do Tribunal Regional do Trabalho e alguns outros (orgãos). A princípio, nós orientamos os engenheiros a fazer uma perícia nas estruturas das edificações para saber se foram afetadas. Até agora, não houve danos.” (ABR)
 Ligações aos Bombeiros
O tremor que teve seu epicentro na cidade de Mara Rosa provocou rachaduras em residências do município. Outras cidades como Porangatu, Goiânia, Anápolis e Brasília sentiram o abalo. Em Goiânia, o tremor atingiu ainda prédios como o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Ipasgo e edifícios mais altos. O Corpo de Bombeiros da Capital registrou em torno de 25 ligações referentes a pessoas que sentiram o abalo, nos Setores Oeste, Bueno, Aeroporto e Centro. Apesar dos telefonemas, nenhum dano físico ou material foi relatado em nenhuma ocorrência.
Em Campinorte, a 315 km de Goiânia, a situação do tremor de quase dez segundos atrapalhou a festa de aniversário da cidade. Segundo o agropecuarista Sebastião Elói, aproximadamente mil cavaleiros estavam a desfilar pelas ruas do Centro da cidade, quando o chão “balançou”. “Nós ficamos sem entender. Os animais ficaram assustados”, conta. De acordo com Sebastião, essa não é a primeira vez que a terra treme no município. “Na última segunda-feira, nós sentimos só que menos intenso que desta vez”, revela o agropecuarista. Na cidade, uma audiência civil pública teve de ser suspensa logo após o tremor. “O juiz encerrou o expediente mais cedo com medo de que acontecesse um abalo maior”, revela Tereza Rodrigues, oficial de justica do município.
Os relatos de moradores goianienses viraram assunto no Twitter com frases como “Gente, tremeu em Goiânia, foi isso mesmo?” ou ainda, “ Meu Deus é o fim?” (K.R.)
 Saiba mais
O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília registrou tremores na região Centro-Oeste e divulgou nota ontem, no meio da noite. Segundo o texto, dados preliminares apontam que o terremoto atingiu 4,5 pontos na escala Richter. O epicentro dos abalos foi na cidade de Mara Rosa (GO), a 500 quilômetros de Brasília. A magnitude é considerada entre baixa e média pelos especialistas. “Houve um tremor seguido de outro. Há chances de acontecer novamente hoje”, alertou o professor George França. Professores afirmam que o tremor durou de 20 a 30 segundos no epicentro. “Quem estava em um raio de até 300 quilômetros a partir de Mara Rosa possivelmente sentiu um abalo forte”, completa o professor. George explica que, no caso do Brasil, a intensidade pode ser considerada alta porque as pessoas não estão acostumadas a esse tipo de fenômeno. “Em Mara Rosa, o terremoto é considerado de atenção máxima”, avisa.
O professor conta que quem está em prédios altos sente os tremores com mais intensidade. “Os edifícios possuem uma frequência de oscilação. Quando há um tremor, eles entram em ressonância com o próprio terremoto”, explica. “Quem estava a pé ou dentro de algum veículo provavelmente não sentiu nada.” Os especialistas não descartam a hipótese de réplicas. “Houve um tremor seguido de outro. Há chances de acontecer novamente”, alertou a professora do observatório sismológico Mônica Vonhuelsen. “Mas é pouco provável que seja mais forte.”