Com informações do MCT - 11/03/2011 //--
Estudos do mar
Governo e cientistas buscam caminhos para avançar nas pesquisas sobre
o mar.
Uma das propostas em discussão é viabilizar a primeira plataforma
oceânica brasileira, um laboratório em alto mar voltado para pesquisas
científicas e tecnológicas.
A ideia foi apresentada aos pesquisadores pelo ministro da Ciência e
Tecnologia, Aloizio Mercadante, em simpósio promovido na sede do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em
Brasília.
Estudos da Petrobras apontam para a possibilidade de aproveitamento
da estrutura de plataformas de exploração de petróleo que estão sendo
desativadas pela companhia, que podem ser convertidas para laboratórios
científicos.
No laboratório serão feitas pesquisas marinhas de alto nível
relacionadas às correntes oceânicas, vida marinha, biotecnologia e
geologia, sobretudo geologia do petróleo, em apoio à exploração do
pré-sal.
Pesquisas oceanográficas
As discussões foram desenvolvidas a partir de três vertentes:
Pesquisa e Desenvolvimento, Recursos Humanos e Aspectos Institucionais e
Logística.
Ao final dos debates, o grupo chegou ao consenso de que um
laboratório oceânico dessa natureza é importante para alavancar as
pesquisas oceanográficas no Brasil, sendo um grande investimento, tanto
do ponto de vista político-estratégico quanto científico.
Os cientistas prepararam uma série de sugestões, que serão
apresentadas ao ministro como subsídio para desenvolvimento de
pesquisas, formação e capacitação de recursos humanos em Ciências do
Mar, utilizando a Plataforma Oceânica como base para os avanços das
pesquisas.
Projeto Pirata
Outra iniciativa para facilitar a coleta de dados sobre o mar é o
Projeto Pirata, implantado desde 1997.
Trata-se de uma cooperação entre Brasil, Estados Unidos e França, que
trabalha com um conjunto de boias oceânicas ancoradas no Atlântico
Tropical, tendo no Brasil a coordenação do INPE (Instituto Nacional de
Pesquisa Espaciais), em parceria com a Marinha.
Os equipamentos mantêm registros diários dos valores de temperatura,
de salinidade e de precipitação, dados utilizados para o estudo do clima
e do oceano. "Essas boias são essenciais para entendermos de que forma o
Oceano Atlântico Tropical afeta o clima do Brasil", ressalta o
pesquisador titular do Inpe, Paulo Nobre.
O especialista reforça que o conhecimento na área é importante para
se entender a influência do mar em ocorrências como grandes secas e
inundações, cada vez mais intensas no País. "Essa variabilidade do clima
sobre o Brasil é muito impactada pela dinâmica do Oceano Atlântico. O
Oceano Atlântico era, até então, recentemente, um vazio de dados e de
conhecimento, então essas boias visam sanar essa falta," sustenta.
Os dados são coletados pelas boias a cada hora e transmitidos por
satélites brasileiros e europeus. As informações são processadas e
disponibilizadas na internet, na página do Inpe e de outras instituições
nos Estados Unidos e na França, e enviadas a centros de meteorologia
para serem utilizados para as previsões de tempo e de clima.
No Brasil, o projeto é estruturado através do Comitê Nacional do
Projeto Pirata, que conta com a presidência do Inpe e a participação da
Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, do Instituto
Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet), e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
entre outros.
Boias e sensores
A novidade é que o Projeto Pirata começa a trabalhar na consolidação e
capacitação dos laboratórios de calibração de sensores na construção das boias no Brasil.
"Esse é um processo que, até então, vinha sendo feito pela NOAA (na
sigla em inglês - Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) nos
Estados Unidos, e agora nós estamos dando mais esse passo que é para que
todo o processo das boias - coleta dos dados, retirada anual do mar
para calibrações - sejam feitas no Brasil", informa Nobre.
Os novos rumos do projeto, os investimentos e a operacionalização
também já foram discutidos em uma outra reunião no Ministério da Ciência
e Tecnologia.
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