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24 de jun. de 2011

PSDB do Ceará diz ser oposição a Cid, mas vota "sim" aos seus projetos

Sigla fez parte do governo até 2010, quando decidiu se opor a Cid Gomes. O problema é que continua agindo como situação

Daniel Aderaldo, iG Ceará | 24/06/2011
Na tentativa de reverter esse cenário - que se desenhou a partir da derrota do ex-governador cearense Tasso Jereissati (PSDB) nas eleições de 2010 - o PSDB nacional estuda fazer uma espécie de "intervenção branda" no diretório estadual com o objetivo de fortalecer Tasso e enquadrar os parlamentares que estejam alinhados com a família Gomes, formada pelo governador e por seu irmão, Ciro Gomes (PSB). Tasso é o atual presidente do Instituto Teotônio Vilela, um centro de pesquisas polícias do PSDB.

Foto: Agência Estado Ampliar
Tasso Jereissati, ex-senador pelo PSDB do Ceará e atual presidente do Instituto Teotônio Vilela
Os tucanos passaram os quatro anos do primeiro mandato de Cid Gomes no governo, mas nas eleições de 2010 o PSB optou por apoiar os nomes dos senadores José Pimentel (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), deixando o então candidato a reeleição Tasso de lado. Desta forma, o PSDB resolveu lançar candidato próprio para concorrer contra Cid e deixar a base aliada, a partir do segundo mandato.
Contudo, apesar da determinação da direção do partido de fazer oposição, nenhuma das 30 mensagens enviadas pelo executivo para a Assembleia do Ceará, todas aprovadas no plenário na atual legislatura, recebeu voto contra dos deputados tucanos.
Além disso, nenhum dos pedidos de informações apresentados por parlamentares de oposição contou com o apoio da bancada tucana. O discurso dos parlamentares também não demonstra qualquer antagonismo.
Identificação
Só para se ter uma ideia, a maior resistência que Cid encontrou de um parlamentar do PSDB foi a abstenção do deputado Fernando Hugo na votação sobre um empréstimo para a construção de um aquário em Fortaleza. Hugo afirma que é oposição e se justifica dizendo que seria uma incoerência votar contra uma grande obra, dado o perfil histórico de “empreendedorismo” do PSDB.
A identificação se explica. Cid Gomes começou a vida política no PSDB. Seu irmão, Ciro Gomes, foi lançado na política por Tasso Jereissati, de quem foi um dos maiores aliados até 2010.
Hoje composta por sete representantes, a bancada do PSDB do Ceará pode sofrer uma grave desidratação nos próximos meses. Dois deputados licenciados já deixaram a sigla: Osmar Baquit e Gony Arruda. O segundo é secretário de Esporte de Cid Gomes, e saiu do PSDB antes de ser expulso por infidelidade partidária.
Falta “questão fechada”
O deputado Professor Teodoro ainda não encontrou motivos para fazer oposição a Cid. Ele vê no atual governo “a continuidade de projetos iniciados pelo ex-governador Tasso Jereissati”. “Há uma identidade entre os dois governos. Você não pode ir contra uma coisa que faz parte da própria filosofia do próprio PSDB”, disse. Na visão de Teodoro, até agora a bancada não se deparou com nenhum tema polêmico que merecesse ser examinado pela executiva do partido, e que exigisse a demarcação de um posicionamento por parte dos tucanos na Assembleia.
Para o deputado João Jaime, único ao lado de Fernando Hugo a garantir ser oposição, essa situação de indefinição não deve durar muito tempo. “Até agora, nenhuma das matérias foi motivo de reunião da bancada com a executiva para fechar questão sobre posicionamento, para aí sim saber quem está com o partido ou não”, afirma.
Há uma identidade entre os dois governos. Você não pode ir contra uma coisa que faz parte da própria filosofia do próprio PSDB”
Segundo João Jaime, só quando esse momento chegar é que a direção do PSDB do Ceará pode avaliar a possibilidade de abrir ou não um processo de expulsão dos dissidentes. Mas está óbvia para ele a indisposição dos tucanos em ir contra o governo Cid. "O presidente do partido no Ceará, Marcos Cals, vem dizendo que prefere um partido menor e mais coeso do que um partido grande com muitas divergências”.
Incoerência
O PSDB passou os quatro anos do primeiro governo Cid dividindo espaço na base aliada com o PT, tanto que chegou a ter o atual presidente estadual do partido, Marcos Cals, integrando o secretariado de Cid, comandando a pasta de Justiça. Na visão do deputado Nenem Coelho, é incoerente a decisão da Comissão de Ética do PSDB de expulsar Gony Arruda. “Marcos Cals fez a mesma coisa há quatro anos e não aconteceu nada”, comparou.
O deputado Osmar Baquit, atualmente licenciado do cargo, não esperou que o momento decisivo apontado por João Jaime cheguasse. Eleito para o quarto mandato de deputado estadual, sempre pelo PSDB, Baquit anunciou a ida para o PSD de Kassab. “O partido é oposição, mas eu não sou. Por isso estou deixando”. Segundo ele, os deputados Nenem Coelho, Professor Teodoro, Teo Menezes e Rogério Aguiar estudam ter o mesmo destino.

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