O jornal inglês The Guardian reportou, na sexta-feira (12),
que Edward Snowden, ex-agente da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), forneceu documentos que revelam a estreita colaboração da Microsoft com os órgãos de segurança e espionagem dos Estados Unidos. De acordo com as informações disponibilizadas por Snowden, a gigante mundial do setor de softwares teria, inclusive, quebrado o seu próprio sistema de criptografia de e-mails, usado para proteger correspondência eletrônica no programa Outlook e nas contas do serviço Hotmail. O software de conversação em áudio e vídeo Skype, adquirido pela Microsoft em 2011 e com cerca de 660 milhões de usuários no mundo, também foi usado para cooperação com as agências governamentais, permitindo a coleta de videochamadas para o sistema Prism, uma das principais ferramentas do esquema de espionagem revelado por Snowden. Para o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), integrante da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara (CCTCI), as denúncias são “gravíssimas” e demandam a elaboração de legislações específicas. “A cada dia que passa, as revelações feitas demonstram a enorme gravidade das denúncias. A Câmara, o Senado e a Presidência da República têm se manifestado em repúdio a estas práticas, mas precisamos acelerar a votação do Marco Civil, para proteger com mais rigor os direitos dos cidadãos, assim como é necessária uma legislação específica que garanta a privacidade das empresas”, propôs Bittar. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que desde fevereiro de 2012 vinha alertando sobre os perigos iminentes diante a nova política de privacidade adotada pela empresa Google, nos seus diversos serviços, avalia que os “global players” da Internet e das telecomunicações, especialmente dos Estados Unidos, não têm nenhum pudor em desrespeitar os direitos civis dos usuários da rede mundial de computadores. “Graças a um ex-espião que conhece muito bem a máquina de espionagem dos Estados Unidos, estamos comprovando cada vez mais algumas práticas das quais já suspeitávamos e já vínhamos denunciando em parte. A internet e as redes de telecomunicações não podem estar a serviço de uma polícia global e muito menos dos interesses políticos e comerciais de um único país”, protestou o parlamentar gaúcho. O deputado Newton Lima (PT-SP), também integrante da CCTCI, informou que vai apresentar requerimento para reforçar o convite à Microsoft para que esta compareça à audiência pública que a comissão realizará sobre o assunto, em data a ser confirmada. “Com estas novas revelações, é absolutamente imprescindível que a Microsoft compareça à Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos acerca das denúncias nas quais está envolvida”, argumentou Lima. Software livre e nacional – Para Jorge Bittar, a colaboração da Microsoft e de outras empresas com o aparelho de espionagem dos EUA reforça a necessidade de ampliação de softwares não proprietários e produzidos por empresas nacionais, especialmente pela gestão pública. “Os softwares não-proprietários, pela sua natureza, são mais imunes à inserção de dispositivos que violem a privacidade e a segurança dos usuários. Somado a isso, devemos reforçar o princípio de preferência aos softwares nacionais. Havendo produtos similares produzidos por empresas brasileiras, estes devem prevalecer sobre aqueles produzidos no exterior nas contratações do poder público”, defendeu Bittar. |
15 de jul. de 2013
Snowden revela colaboração da Microsoft com espionagem
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