A morte repentina do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), na manhã de ontem, embaralha a corrida presidencial. A coligação terá 10 dias para apresentar um novo nome para a disputa, mas o calendário será pressionado pelo início da propaganda eleitoral na televisão, na próxima terça-feira. Adversários apostam que a candidata à vice-presidente na chapa, Marina Silva, irá assumir o lugar de Campos no pleito.
Marina havia sido convidada para decolar no Rio de Janeiro no mesmo jato particular que levava Campos à Baixada Santista, em São Paulo, mas acabou optando por seguir viagem em um avião de carreira.
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Na tarde de ontem, ela chegou bastante emocionada à Prefeitura de Santos. De acordo com integrantes do PSB e da Rede, chorava muito Visivelmente abatida, fez um breve pronunciamento no qual ressaltou a convivência com Campos ao longo dos últimos dez meses. Para ela, Campos esteve “comprometido” com ideais de um “Brasil mais justo” até os “últimos segundos de vida”.
“A imagem que eu quero guardar dele foi da nossa despedida de ontem. Cheio de alegria, cheio de sonhos, cheio de compromissos. É com esse espírito que peço a Deus que possa sustentar sua família, consolar sua família e também a todos nós”, disse.
O futuro da vice
Marina agora protagoniza o cenário de incertezas em torno da disputa presidencial. O deputado federal Márcio França (PSB), candidato a vice-governador de São Paulo que tem rivalizado com ela dentro da sigla, disse que ainda não há decisão sobre se Marina será indicada ao posto.
No PSB, quase todos ressaltam que só após o abalo inicial e o luto pela morte de Campos será possível haver uma definição mais clara. Sem ter conseguido montar um partido para disputar o Palácio do Planalto, Marina acabou se filiando ao PSB e aderindo à candidatura de Campos, em outubro do ano passado.
Tendo obtido 19,6 milhões de votos para presidente em 2010 (ficou em terceiro na disputa), e com desempenho melhor do que o de Campos nas pesquisas, a ex-senadora era frequentemente citada como uma “sombra” do ex-governador, ameaçando-lhe a prevalência na chapa.
Mas Campos controlava a máquina partidária. Além disso, o grupo político de Marina sempre deixou claro que deixará a legenda assim que conseguir validar sua própria sigla na Justiça Eleitoral, a Rede Sustentabilidade.
No PT, a avaliação preliminar é a de que haverá uma “comoção” que contribuirá para a consolidação da candidatura de Marina no lugar de Campos. Interlocutores do ex-presidente Lula (PT) dizem que o ideal, para a candidata Dilma Rousseff (PT), seria o PSB optar pela neutralidade, mas avaliam que isso dificilmente ocorrerá. Com a possível entrada de Marina, a cúpula petista já conta com prejuízos para Dilma, pois fica praticamente assegurado um segundo turno. Além disso, se Marina não for a escolhida, haverá risco de setores do PSB migrarem para a candidatura do adversário tucano, Aécio Neves.
Já para o PSDB, a candidatura da vice é nociva por tirar votos hoje endereçados a Aécio. Em compensação, os tucanos fazem a mesma avaliação dos petistas, de que o segundo turno ficaria garantido. Alguns do PSDB acreditam que apoios de áreas importantes de partidos como o PPS poderiam migrar para o PSDB, por não terem identificação ou simpatia por Marina.
Em um movimento posterior à definição da candidatura de Marina, segundo petistas, haverá um “ataque especulativo” tanto do PSDB como do PT ao PSB. (das agências de notícias)
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