Ameaçados de perder as eleições e o poder, o PT deixa o campo das ideias e parte para ataques pessoais, utilizando-se até da calúnia, mentira e falsificação. Como se diz na gíria, o PT, a Dilma e seus correligionários “soltaram os cachorros”, não em cima das propostas políticas da adversária Marina, mas contra a própria pessoa dela. A ordem agora é, sem pudor nem ética, abater, detonar, desmoralizar a adversária. Vejamos alguns exemplos. Acusam a Marina de ser “fundamentalista”. Aqui há uma falsificação. O fundamentalismo religioso difere do fundamentalismo político.
Como escreve Demétrio Magnoli, os fundamentalistas políticos “querem substituir o livro das leis (o contrato constitucional) pela Lei do Livro (a Bíblia, o Corão ou a Torã). Marina, portanto, não é fundamentalista”. Fundamentalista na sua fé, ela sempre defendeu a separação da Igreja e do Estado, o Estado laico, portanto. Dizem que ela postula o criacionismo, mas nunca atacou a teoria da evolução.
Acusam Marina de repelir a legalização do aborto, a descriminalização da maconha e o casamento gay. É verdade, mas a Dilma, durante seus quatro anos na presidência, propôs e defendeu a legalização do aborto, a discriminação da maconha e o casamento gay? Pior, no seu foro íntimo, é favorável à legalização do aborto, mas publicamente se diz contrária e nada faz para modificar a Lei. A Marina mudou na última hora a pauta LGBT no seu programa político, mas o que os governos de Lula e Dilma fizeram em relação à comunidade LGBT? Jogo duplo, portanto, jogo hipócrita.
Acusam Marina de não ter experiência administrativa e política. De fato, creio ser verdade que ela não tem experiência administrativa, mas tem experiência política já que foi fundadora de um partido, vereadora, senadora e ministra. Cabem aqui duas perguntas: sincera e objetivamente falando, Fernando Henrique, Lula e Dilma tinham mais credenciais administrativas e políticas sobre a máquina estatal do que a Marina? Acusam Marina de não ter equipe. Aqui a conversa se torna interessante.
A Dilma não tinha equipe para compor seu ministério. Teve que aceitar as indicações de Lula; seis ou sete deles foram demitidos por atos de corrupção! É que, no poder, o PT não tergiversou; deu continuidade ao jogo então jogado; criou ministérios e secretarias para atender aos partidos “amigos”. Marina propõe outra solução: governar com os “bons”, isto é, como ela não possui uma grande base partidária, ela pode renovar a maneira de fazer política e não abrir flancos para compra de apoio e selecionar seus colaboradores.
A proposta pode soar “purista” e até ingênua, mas não deixa de oferecer uma saída para o mal maior de nossa política: uma governabilidade sempre instável mantida ao custo de “agrados” a partidos insaciáveis, atalhos para a corrupção e empecilhos a reformas necessárias, como a tributária. Marina oferece uma alternativa à tradicional política de favores dominante até hoje.
O cerne da questão é o seguinte: os eleitores vão continuar incentivando o jogo nefasto do aparelhamento político ou vão modificar as regras do jogo. Marina pretende mudar essas regras. Talvez valesse a pena pagar para ver. A maneira de fazer política precisa mudar.
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