Com o título “A Política cearense em mutação”, eis artigo do jornalista Ítalo Coriolano, editor-adjunto de Conjuntura do O POVO. Ele aborda os efeitos para a política local da aprovação do impeachment de Dilma Rousseff. Confira:
O desabafo do ex-governador Cid Gomes (PDT) na tarde de ontem, pouco antes do início da votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) no plenário da Câmara, já antecipava a derrota que seria confirmada algumas horas depois. A revolta contida na mensagem compartilhada via Facebook, quando voltou a chamar a maioria dos deputados federais de achacadores e ainda defendeu eleições gerais, revelou o baque de quem já via dois de seus maiores adversários alcançarem o topo do poder: Michel Temer e Eduardo Cunha, ambos do PMDB. Visto que o afastamento da petista deve ser confirmado pelo Senado.
Entretanto, mais do que impacto em nível pessoal, a saída de Dilma do Executivo muda totalmente a correlação de forças no Ceará, com interferência direta na próxima corrida eleitoral de outubro. Se antes a maioria das forças partidárias orbitava em torno do PT com a chegada de Lula e Dilma ao comando do Palácio do Planalto, a tendência é que o oportunismo próprio do nosso sistema leve boa parte das forças para o entorno do PMDB.
O senador Eunício Oliveira (PMDB), derrotado na disputa pelo Governo do Estado em 2014, com interferência direta dos Ferreira Gomes, dá volta por cima e eleva ainda mais sua capacidade de influência local, com grandes chances de se tornar um ministro estratégico no governo Michel Temer. Por outro lado, seu algoz Camilo Santana (PT) deve enfrentar dificuldades na condução do Palácio da Abolição, já que não possuirá qualquer ponte com o Governo Federal e enfrenta grave crise na saúde e na segurança.
Em nível municipal, o deputado Vitor Valim (PMDB) se cacifa para concorrer à Prefeitura de Fortaleza, ao mesmo tempo em que o prefeito Roberto Cláudio (PDT) também perde um importante aliado na garantia de recursos logo na reta final de seu mandato. O Ceará viverá estágio intenso de mutação. Novos nomes formarão nossa elite política, consolidada ao menos até a próxima escolha do presidente da República.
*Ítalo Coriolano,
Editor-adjunto de Conjuntura do O POVO.
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