O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco, que confessou ser uma espécie de contador da propina na Diretoria de Serviços da estatal - cota do PT no esquema de corrupção alvo da Operação Lava Jato -, confirmou nesta segunda-feira (10) ao juiz federal Sergio Moro que obra da reforma do Cenpes (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras), no Rio, envolveu pagamentos de 2% para o PT e para os agentes públicos sustentados pelo partido nos cargos. Segundo ele, a propina estava "institucionalizada".
"Às vezes fica difícil responder o que a gente (agentes públicos e partidos) fazia para receber essa propina. Às vezes eu não sabia, porque estava institucionalizada. Tava instituída essa propina, a gente não fazia nada especial para ter essa propina", declarou Barusco, delator da Lava Jato.
Avaliadas em R$ 850 milhões na época da licitação, em 2008, as obras do Centro de Pesquisa custaram R$ 1 bilhão.
O ex-gerente de Engenharia - que já confessou que o PT recebeu quase R$ 200 milhões em propinas em dez anos via contratos de sua área - foi ouvido nesta segunda-feira, 10, como testemunha de acusação do Ministério Público Federal contra ex-executivos da OAS, entre eles o ex-presidente José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira.
"Era uma regra geral, nem sempre aplicável, mas era uma regra geral. Normalmente aplicável quando os contratos era destinados à essas companhias (integrantes do suposto cartel, alvo da Lava Jato)", disse Barusco.
Os pagamentos de propina nas obras do Cenpes foram inicialmente acertados com o ex-executivo da OAS Agenor Franklin de Medeiros, que cuidava das tratativas e pagamentos por todas as empreiteiras que formaram o Consórcio Novo Cenpes, responsável pela obra - OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Construcap CCPS Engenharia e Schahin Engenharia.
Pagamentos
O lobista Mário Góes - também delator da Lava Jato - teria sido o operador de propinas responsável pelos repasses das empresas para os agentes públicos e para o partido.
Barusco, que foi braço direito do ex-diretor de Serviços Renato Duque - indicado pelo PT ao cargo - de 2003 a 2011, disse que em determinado momento de execução do contrato, os pagamentos de propinas passaram a ser feitos diretamente pelas empresas que formavam o consórcio.
Os pagamentos direcionados aos agentes públicos eram concentrados por Barusco, segundo ele contou. "Pagamentos em espécie para mim e depósitos em contas no exterior", afirmou. "De tempos em tempos fazíamos uma balanço geral." Era quando operador das empreiteiras e ele acertavam quanto havia sido depositado em contas secretas na Suíça e quanto em dinheiro foi entregue. "Normalmente era na casa do Mário Góes, uma vez em casa e outra no escritório dele, da Riomarine." (AE)
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