Com o título “O Tempo não é comparsa de ninguém”, eis artigo do publicitário e escritor Ricardo Alcântara. Ele aborda o momento político cearenses. Confira:
1 – Para os urbanistas: a ponte estaiada que ligaria a avenida Washington Soares às dunas por cima do Parque do Cocó provocaria o efeito contrário daquele com que tentava justificá-la o então governador, Cid Gomes. Sequer foi iniciada e tem sua licitação questionada pela Justiça.
2 – Para a obra da linha Leste do metrô, o mesmo governo comprou tuneladoras a alto custo: uns 150 milhões de reais. Questiona-se a lisura do negócio: em todos os metrôs em construção no país é fornecido pela licitada. Bem, as máquinas estão lá, a sol e chuva, aguardando serventia.
3 – O Acquário acumula equívocos de ordens várias: iniciado sem aprovação ambiental, fez-se pagamentos em contas de pessoa física (dirigente da contratada) e nunca viu a sociedade um estudo consistente de viabilidade financeira. E lá se foram mais 150 milhões de reais.
4 – O Centro de Eventos, cujos estudos indicavam outra localização para fazê-lo negócio atrativo, foi parar numa zona da cidade fora do alcance do interesse turístico e lá está um caixão enorme, de muito mau gosto, quase inteiramente ocioso e deficitário.
5 – O hospital regional da região sul do estado passou um ano fechado desde sua inauguração por falta de verbas para coloca-lo em funcionamento, como se não houvesse no projeto algo básico como uma previsão de custeio. Ainda hoje, a maior parte se encontra ociosa.
6 – Mal maior evitou a então prefeita Luizianne Lins, negando sua aprovação a um estupro: a construção de um estaleiro em zona urbana, um projeto com o selo de suspeição da Transpetro de Sérgio Machado, aquele. Quem já viu um, sabe o tamanho da alopração.
Bem, Camilo Santana vai agora em busca de socorro na iniciativa privada para reparar parte de tanto desperdício, fruto da megalomania de um governador que comprou o silencio da exquerda (com xis mesmo), antes diligente fiscal do interesse comum.
Camilo finge que se engana quando vai à China em busca de um besta que queira herdar os riscos de concluir a obra do Acquário. Ele sabe: o capital chinês tem mundo afora oportunidades muito mais seguras e vantajosas. Privatização do Acquário é tapeação.
Cid Gomes fez grande esforço para ser lembrado como empreendedor, mas o que se vê é um gestor com baixa capacidade de planejamento e uma inclinação neurótica a considerar sua vontade um fator prevalente à realidade. O tempo não é comparsa de ninguém.
*Ricardo Alcântara,
Escritor e publicitário.
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