Depois de oito anos à frente do Banco Central, Henrique Meirelles deixa o
cargo frustrado politicamente. Ontem, o anúncio de sua saída teve ar
melancólico, cabendo ao próprio presidente do BC comunicar o fato,
depois de uma série de boatos à respeito de sua sucessão.
Ele aproveitou a convocação para depor numa comissão do Senado e, minutos antes, comunicou à imprensa que deixaria o cargo.
A declaração veio antes mesmo de a equipe de transição confirmar o nome
de Alexandre Tombini para o comando da instituição no governo Dilma
Rousseff.
Acompanhado de assessores do BC, Meirelles disse que sua intenção era apenas concluir sua "missão junto com o presidente Lula".
Ressaltou o que considera suas conquistas à frente do BC e afirmou que
"um profissional deve iniciar e concluir sua missão na hora certa".
Tentou justificar ainda sua saída dizendo que as regras de boa
governança recomendam que o presidente do BC não fique mais do que dois
mandatos à frente da instituição. "Esse é o momento adequado", afirmou.
FUTURO
Questionado sobre sua participação no governo Dilma em outro cargo, fez
mistério. Negou que esteja frustrado. Ele se disse feliz, apesar de não
aparentar.
Em 2002, Meirelles foi eleito deputado federal por Goiás, mas não assumiu porque aceitou o convite de Lula para o Banco Central.
No ano passado, ao se filiar ao PMDB, ensaiou retomar seus planos políticos, mas acabou não se viabilizando candidato a nada.
"Em março deste ano [ao não se desincompatibilizar do cargo para sair
candidato ao governo de Goiás], foi consciente. Concluí minha missão e
os fatos posteriores me deram razão", declarou.
Meirelles atribuiu a permanência ao rescaldo da crise econômica mundial.
Agora, disse que vai "ver alternativas". No final do dia, o presidente
do BC divulgou uma nota comentando a indicação de Alexandre Tombini para
substituí-lo.
"É uma excelente escolha e um profissional completamente preparado para a
função. Trabalhamos juntos por cinco anos e tenho plena confiança
nele."
Fonte - folha.com
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