Thais Leitão
Repórter da Agência BrasilRio de Janeiro - Uma equipe de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Enasp), ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vai investigar os motivos que levam a mulher a optar pelo parto normal ou pela cesariana e avaliar que consequências a escolha pode trazer para a mãe e o recém-nascido.
Repórter da Agência BrasilRio de Janeiro - Uma equipe de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Enasp), ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vai investigar os motivos que levam a mulher a optar pelo parto normal ou pela cesariana e avaliar que consequências a escolha pode trazer para a mãe e o recém-nascido.
Com base em 24 mil entrevistas que serão
realizadas em hospitais públicos e privados em todos os estados, os
pesquisadores procurarão saber quais fatores influenciam a escolha pelo
parto normal ou pela cesariana.O projeto está sendo conduzido em
parceria com o Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz),
universidades estaduais e federais e a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). Os resultados devem ser apresentados até o fim deste
ano.De acordo com a vice-presidente de Ensino, Informação e
Comunicação da Fiocruz, Maria do Carmo Leal, que coordena o estudo, a
alta incidência de cesarianas no país, principalmente em hospitais da
rede privada, pode estar relacionada ao aumento do número de casos de
bebês prematuros. Segundo Maria do Carmo, quase metade (47%) dos
3 milhões de partos que ocorrem anualmente no país são feitos por
cesariana. Nos hospitais públicos, as cesarianas representam 30% dos
nascimentos e, nas unidades particulares, 80% do total. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o percentual fique entre 15% e 20%.A
médica citou estudos que apontam relação entre o crescimento do número
de cesarianas, cerca de 44% nos últimos 33 anos, e o aumento da
prematuridade, que com alta de 130% em 22 anos. "Queremos entender por
que isso vem ocorrendo e se esses fatos estão relacionados à forma de
assistência ao parto. Afinal, a medicina é cada vez mais
intervencionista em todas as áreas e também no nascimento”, afirmou
Maria do Carmo.Ela ressalta que a cesariana é importante quando
há risco de complicações para a mãe ou necessidade de salvar a vida do
bebê, mas diz que, na maioria dos casos, não é esse o motivo da
intervenção médica. Segundo a médica, embora haja padrões que
indiquem que o bebê está pronto para nascer, nenhum exame é capaz de
determinar seu total amadurecimento. “Só é possível saber isso quando a
criança 'avisa'. Afinal, o processo de amadurecimento varia, e umas
precisam de mais tempo do que outras. Por isso, para um bebê que iria
nascer com 40 ou 41 semanas, nascer com 38 semanas é prematuridade.”Tecnicamente,
porém, os bebês não são considerados prematuros a partir da 37ª semana
de gestação. Segundo Maria do Carmo, o indicador mais frequente de um
nascimento antecipado é a imaturidade respiratória. Para a mãe, entre os
problemas que podem ocorrer em função do parto cesariano, estão maiores
possibilidades de infecção devido à cirurgia e mais dificuldade para
amamentar o bebê.Foram esses riscos que levaram a publicitária
carioca Aline Barbosa a optar, logo no início da gestação, pelo parto
normal. Ela disse à obstetra que fazia questão do parto normal e começou
a fazer sessões de ioga para gestantes no terceiro mês de gravidez,
para preparar o corpo para o nascimento do bebê. “Tinha muito
medo das possíveis complicações de uma cirurgia. Além disso, a
recuperação no pós-parto é mais difícil em caso de cesariana", disse
Aline. Segundo a publicitária, muitos médicos encontram nos exames
feitos durante a gravidez diversos motivos para indicar a cesariana. Seu
caso, porém, foi diferente. "Não tive problemas. Minha médica me
orientou e fez de tudo para viabilizar o parto normal”, contou Aline,
que deu à luz, em parto normal, Maria Clara. A menina nasceu com 48
centímetros e pesando 3,6 quilos. “Muitas mulheres têm medo do
parto normal porque não sabem o que está acontecendo com o corpo. Por
isso, buscar informação faz diferença. Não ameniza a dor, mas garante
maior tranquilidade”, acrescentou Aline.Edição: Nádia Franco
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