Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O dólar comercial fechou o dia cotado a R$ 2,04 para venda,
o nível mais alto desde maio de 2009, quando fechou em R$ 2,07. A
valorização da moeda norte-americana, hoje (21), foi 1,38% em relação à
cotação de sexta-feira (18).
À tarde, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse
que a valorização do dólar nas últimas semanas está ocorrendo no mundo
todo e que a desvalorização do real, que caiu 2,2% entre janeiro e
abril, está em linha com as demais moedas do mundo. “O que está
ocorrendo hoje é um processo em função do quadro internacional, a
valorização da moeda norte-americana contra a grande maioria das
moedas”, disse Tombini.
No entanto, na avaliação do professor da Faculdade de Economia e
Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Fábio Kanczuk,
além da influência internacional, a variação do câmbio pode estar sendo
afetada por medidas econômicas internas e por uma piora da percepção dos
investidores internacionais em relação ao risco.
“Quando a gente compara o que está acontecendo com o real com as outras
moedas de [países] emergentes, a gente nota que o real desvalorizou-se
bem mais do que as outras", disse o professor, com a ressalva de que a
desvalorização da moeda brasileira está ocorrendo de forma mais intensa.
"Tem alguma coisa particular do real desta vez, ele está perdendo muito
mais que as outras moedas”.
De acordo com o professor, a particularidade da desvalorização do real
está, em parte, relacionada às medidas do governo, como aumentos do
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a compra de dólar pelo Banco
Central. “Parte é atuação do governo e parte a gente entende que não é
isso. Quando a gente fala com [investidores] estrangeiros, a gente nota
que eles estão mais indispostos com o Brasil, no sentido de acreditar
menos nas instituições brasileiras”, disse o professor.
Já para o professor da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite, a
desvalorização do real está sendo mais forte do que em outros países
emergentes porque, no passado, se valorizou mais. A variação do câmbio,
para ele, está vinculada à crise na Europa. “O governo tem munição para
evitar grandes flutuações por um determinado tempo. Se a tendência do
dólar é cair, o BC pode ficar comprando no mercado para evitar que ele
caia. Mas isso tem um limite. Se há notícia, por exemplo, de que a
Grécia vai sair da zona do euro, que os bancos vão mal, é óbvio que isso
afeta a cotação”, disse.
Edição: Vinicius Doria
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