A presidenta Dilma Rousseff emitiu, ontem, nota oficial sobre
denúncia de violação das comunicações e de dados do governo brasileiro e da Petrobras pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. Segundo a presidenta, “tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas”.Confira abaixo a íntegra da Nota: Mais uma vez, vieram a público informações de que estamos sendo alvo de mais uma tentativa de violação de nossas comunicações e de nossos dados pela Agência Nacional de Segurança dos EUA. Inicialmente, as denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos – inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as denúncias, é a Petrobras, maior empresa brasileira. Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro.Assim, se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos. Por isso, o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, a nossa soberania e aos nossos interesses econômicos. Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas. Parlasul aprova moção de repúdio à espionagem dos EUA apresentada por Newton LimaOs deputados que compõem o Parlamento do Mercosul (Parlasul), reunidos em Montevidéu, Uruguai, ontem, endossaram a moção de repúdio à espionagem dos Estados Unidos, apresentada pelo presidente da Representação Brasileira, deputado Newton Lima (PT-SP). No texto, os parlamentares manifestaram seu “veemente repúdio às atividades de espionagem da National Security Agency (NSA) e outras agências de inteligência norte-americanas”. O documento faz referência, especialmente, à espionagem sofrida pelo Brasil e pela presidenta Dilma Rousseff. “Trata-se, sem lugar a dúvidas, de uma clara ofensa à soberania da República Federativa do Brasil, e que não pode deixar de ser repudiada nos termos mais vigorosos”, diz o documento. “Na moção também prestamos solidariedade à presidenta Dilma Rousseff e total apoio à sua decisão de levar o assunto para a ONU”, explica Newton Lima. O texto recorda ainda artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, adotada em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas e firmada pelos Estados Unidos, que diz que “ninguém será sujeito a interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência”. Para o presidente da Representação Brasileira no Parlasul, outra decisão importante desta reunião foi a retomada das atividades legislativas do Parlasul que acontecerá no dia 11 de novembro. Os cinco países que integram o Mercosul serão convocados – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. “Retomarmos o Parlasul é fundamental para estreitar o diálogo entre os países e seguir no processo de integração da América do Sul”, explicou. Uma comissão formada com três parlamentares do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai irá até a Venezuela para facilitar o entendimento sobre a importância da reintegração do Paraguai ao bloco. “Vamos buscar sensibilizar os colegas venezuelanos para a importância do Paraguai e do fortalecimento do Mercosul”, destacou Newton Lima. |
Mais espionagem: Petistas sugerem suspensão de leilão do Campo de Libra |
Após a espionagem a cidadãos brasileiros e à própria presidenta Dilma Rousseff, o alvo desta vez da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana foi a Petrobras - maior empresa brasileira do ramo petrolífero. As graves denúncias envolvendo a espionagem norte-americana no Brasil foram reveladas em reportagem exibida no domingo (8), pelo programa Fantástico da Rede Globo. A reportagem mostra que documentos ultrassecretos em poder do ex-agente da NSA Edward Snowden, repassado ao jornalista Glenn Greenwald, comprovam o modus operandi da NSA. A matéria exibe uma apresentação feita pela agência em maio de 2012, onde explica aos novos agentes os caminhos para acessar e espionar redes privadas de computador e redes internas de empresas, governos e instituições financeiras. Um dos slides traz o nome da Petrobras seguido do título: "muitos alvos usam redes privadas".
O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras,
deputado Luiz Alberto (PT-BA) disse que vai propor ao colegiado que se faça uma nota de protesto em relação ao fato e, ao mesmo tempo, vai sugerir ao governo a suspensão do leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos, considerado o maior leilão da história do petróleo, marcado para o mês de outubro.
“Penso que o leilão do Campo de Libra deve ter suspensão imediata,
até que se tenha informação exata da gravidade e da extensão da invasão dos Estados Unidos nas informações estratégicas da Petrobras”, avaliou Luiz Alberto.
De acordo com Luiz Alberto, o governo americano está
interessado nos conhecimentos que a empresa brasileira detém sobre a área do pré-sal. Segundo ele, a Petrobras é detentora de tecnologia e líder mundial em exploração de petróleo em águas profundas. O que explica o “súbito” interesse do governo norte-americano. “É fundamental o governo brasileiro tomar precauções”, reiterou o petista.
Para o deputado Fernando Ferro (PT-PE), a justificativa contida
na nota divulgada pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, reproduzida pelo Fantástico, de que não usa a sua capacidade de espionagem internacional para roubar informações comerciais de empresas estrangeiras em benefícios próprios, não se sustenta. “O Brasil está diante de um risco”, enfatizou.
Fernando Ferro lembrou também que, recentemente, os EUA
disseram que a espionagem era feita para detectar ação terrorista. “A espionagem se confirma, agora, como uma ingerência, uma interferência do governo americano nos negócios de outros países, particularmente na área de petróleo”, disse.
De acordo com Fernando Ferro, houve muita expectativa criada
com a descoberta do pré-sal nos mares brasileiros e isso levou os EUA a deslocar a quarta frota para o Atlântico Sul depois dessas descobertas.
“Acho que há interesse sim e deve ser analisado. Essa
espionagem é preocupante, até porque quem vai para um leilão como o de Campo de Libra, com determinadas informações, pode apostar sem risco”, advertiu o parlamentar pernambucano.
Além da Petrobras, o Google (provedor de e-mails e serviços de
internet); a rede privada do Ministério das Relações Exteriores da França, entre outros, foram alvos da espionagem americana. É o que revelou a reportagem. |
10 de set. de 2013
Presidenta Dilma divulga nota sobre medidas contra espionagem
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