Terceirização: CCJ não votará projeto que prejudica trabalhador,afirma Décio Lima |
Protestos de centenas de sindicalistas das principais centrais
sindicais do País inviabilizaram ontem a realização da reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Os manifestantes queriam impedir que a comissão incluísse na pauta de votação o projeto de lei (PL 4330/04) que regulamenta o trabalho terceirizado. Para preservar a integridade física dos parlamentares e sindicalistas, o presidente da CCJ, deputado Décio Lima (PT-SC), cancelou a reunião. “Com esse clima que está aqui, não dá para realizar sessão. Se o clima for o mesmo amanhã (quarta-feira), também, não faremos a reunião”, avisou. Décio Lima informou também que, enquanto presidir o colegiado, não colocará o projeto da terceirização em votação. “Enquanto eu for presidente, não pauto essa matéria, a não ser que ela reúna uma condição de acordo com as centrais sindicais dos trabalhadores”, afirmou. O deputado acrescentou, no entanto, que cumprirá o regimento da Casa. “Caso haja requerimento com as assinaturas necessárias pedindo a inclusão da proposta na pauta, serei obrigado a fazê-lo”, explicou. O presidente da CCJ disse ser pessoalmente contra o mérito da proposta, argumentando que ela precariza as relações de trabalho. “Não há urgência em pautar o projeto, uma vez que ele não é de interesse da população brasileira neste momento. Essa proposta não está em sintonia com a voz rouca das ruas”. CLT – Na opinião do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), integrante da CCJ e que já foi ministro do Trabalho e da Previdência Social no governo Lula, a terceirização da forma como está sendo proposta rasga a CLT (Consolidação da Legislação Trabalhista). “É um verdadeiro retrocesso, porque autoriza a terceirização de qualquer atividade, de qualquer setor”, alertou. Hoje, a terceirização no Brasil é regulada por uma súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que só permite a terceirização para as chamadas atividades-meio (aquelas que têm a finalidade de dar suporte às atividades principais de uma empresa). Já o projeto da terceirização, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), permite também que essa prática seja expandida às atividades-fim (a principal de uma empresa, descrita na cláusula-objeto do seu contrato social). Os deputado Artur Bruno (PT-CE) e Vicentinho (PT-SP), também integrantes da CCJ, se posicionaram contrários à aprovação do projeto da terceirização. “É uma proposta que vai contra os rumos atuais do País, uma vez que ela precariza as relações de trabalho, enfraquece as categorias e rebaixa os salários”, afirmou Artur Bruno. Vicentinho frisou que o projeto só beneficia a classe empresarial, “que busca mais lucro em desrespeito aos direitos dos trabalhadores”. Vitória – Os sindicalistas consideraram uma vitória a postura do presidente da CCJ. “Vencemos hoje, mas vamos continuar vigilantes para não permitir a votação desse projeto”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. Ele acrescentou que a proposta das centrais é que o projeto seja arquivado. “Ele é nocivo à classe trabalhadora e ao Brasil. Somos totalmente contrários à redação que vem sendo elaborada para o projeto”, afirmou. Estima-se que haja no Brasil, atualmente, cerca de 12 milhões de pessoas em regime de trabalho terceirizado. A estimativa da central é que, com a possível aprovação do PL, esse número suba para 33 milhões. “Com a ampliação da terceirização para todas as atividades, as empresa vão demitir empregados regularmente contratados para substituí-los por trabalhadores terceirizados, com menores salários”, alertou Vagner Freitas. “Os empresários querem baixar o custo com a mão de obra e precarizar as relações de trabalho”, reforçou. |
Petistas repudiam ação policial contra sindicalistas no Congresso |
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) manifestou, em nota, seu
repúdio à forma como sindicalistas das principais centrais sindicais do País foram reprimidos na tarde de ontem, durante protesto contra o projeto de lei (PL 4330/04) que regulamenta as terceirizações. Segundo a deputada, os manifestantes foram impedidos de forma violenta de entrar no anexo II e no plenário 1 da Câmara dos Deputados. O grupo pretendia acompanhar a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que discutiria o projeto de lei. Para Margarida, “o grupo tem plena liberdade de se manifestar e não pode ser reprimido com violência”. O deputado Afonso Florence (PT-BA) considerou o episódio grave. “É preocupante quando há cerceamento da presença do povo no Parlamento”, alertou. O deputado Marcon (PT-RS) disse que a situação foi complicada. “As portas estavam fechadas até mesmo para os parlamentares”, contou. O deputado Luiz Couto (PT-PB) também criticou a forma como os sindicalistas foram tratados e defendeu uma negociação de líderes na CCJ para evitar confrontos e tumultos na comissão. “É preciso assegurar o direito de ir e vir. Proponho ainda que, enquanto o clima estiver ruim, que entre na pauta de votação apenas as matérias que tiver acordo”, acrescentou. Segundo divulgou a CUT (Central Única dos Trabalhadores), os sindicalistas foram barrados pelas polícias Militar e Legislativa, que teriam se utilizado de gás de pimenta, cassetete e bombas para impedir o protesto. A votação do PL 4330/04 não estava na pauta de ontem da CCJ, mas poderia entrar em caso de entendimento entre os deputados. |
5 de set. de 2013
Terceirização
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