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Do total de casos notificados, 134 foram confirmados por terem sido provocadas pelo zika vírus. Outros 102 foram descartados porque não foi comprovado o comprometimento do cérebro do bebê ou porque foi identificada outra causa para a microcefalia, como infecções, por exemplo, causadas por sífilis, citomegalovírus ou toxoplasmose. As equipes do Ministério da Saúde continuam nos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Ceará.
O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, observou que o ritmo de registros de novos casos vem se reduzindo ao longo das últimas duas semanas. Há duas possibilidades para essa queda: profissionais de saúde têm agora maior domínio sobre o problema e, com isso, casos que não se encaixariam em microcefalia não são nem mesmo notificados ou ainda a queda do pico da doença já tenha sido ultrapassada. "Talvez tenhamos uma estabilização. Mas não há até agora condições de saber se é uma coisa ou outra."
Alerta. O zika vírus está presente atualmente em 18 Estados. De acordo com o diretor, há transmissão sustentada atualmente em vários Estados, sobretudo no Nordeste. Maierovitch admite que, com as festas de fim de ano há um aumento no risco de a doença se espalhar por todo o País. "Qualquer movimentação acelera o risco. Esse é um temor. Daí a necessidade de o viajante adotar os cuidados necessários para evitar a infecção."
O zika vírus é trasmitido pela picada do Aedes aegypti contaminado. Nesta quarta-feira, 16, uma reunião será realizada com representantes de produtores de repelentes, integrantes do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir a possibilidade de compra de produto para distribuição para gestantes. "Há uma série de coisas que precisam ser avaliadas. Entre elas, capacidade da indústria para fornecimento de produtos, prazos, preços", disse Maierovitch.
O diretor afirmou que a distribuição de repelentes seria uma medida adicional e estaria longe de ser uma estratégia para evitar a proliferação do zika e, em consequência, da microcefalia em bebês. A má-formação está associada á transmissão do vírus da mulher para o feto. "O repelente é um quebra-galho", definiu. "O principal é o combate ao vetor, o Aedes aegypti", completou Mairerovitch. Ele fez um apelo para que pessoas, antes de deixarem suas casas durante o período de férias, façam uma proteção de locais que tenham potencial de se transformar em criadouros do mosquito.
O diretor reconheceu haver ainda divergências sobre a notificação de casos suspeitos de microcefalia. Na semana passada, o protocolo para definição de casos foi alterado. "Tem muita novidade, existem alguns modelos diferentes que foram aplicados. Estados estão se adaptando e capacitando suas equipes para fazer as notificações", completou.
Mudanças na notificação. Maierovitch afirmou que mudanças que serão feitas sobre a forma para notificação da zika não significam que o modelo adotado até agora estava errado. Atualmente, a confirmação de casos é feita somente por meio da identificação laboratorial - algo que impede autoridades sanitárias de terem uma real noção do número de casos provocados pelo agente infeccioso.
De acordo com Maierovitch, até há dois meses, não havia registro nem no Brasil ou em outro país do mundo de casos graves relacionados à doença.
"Como 80% dos pacientes não têm sintomas e boa parte deles apresenta apenas leves manifestações e não procuram médicos, o modelo imaginado proposto era considerado ideal", disse. "Não havia razões para sobrecarregar a vigilância", completou.
Diante da constatação de que a transmissão vertical do vírus pode levar o bebê a ter microcefalia - uma doença que provoca em 90% dos pacientes deficiência mental, problemas auditivos, visuais, além de dificuldades motoras - fez com que a notificação fosse considerada essencial. A forma que será adotada para o registro de casos vai mudar. Maierovitch, no entanto, afirmou que o formato ainda está em discussão.
A proposta prevê que registros sejam feitos baseados nos sintomas apresentados pelos pacientes. Caso ele apresente coceiras, manchas pelo corpo e febre baixa em locais onde há transmissão sustentada - confirmada por exames feitos em laboratórios credenciados pelo governo -, o caso seria registrado como zika.
Maierovitch disse haver uma preocupação, no entanto, para que não se deixe dengue em segundo plano. Ele observou que a doença, presente no País desde a década de 1980, pode se agravar e levar o paciente à morte. (AE)
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